Diário
Eu me lembro bem de quando, ainda adolescente,
trancada na privacidade do meu quarto ou em algum recanto ao ar livre, eu lhe escrevia – tinha meu diário para Deus, meu Pai do Céu!
Aquela adolescente ainda continua viva, pulsante, mais do que nunca vibrante em mim! E ambos sabemos que o Senhor já sabe tudo – cada palavra e sentimento, expresso ou não – passado, presente e futuro!
Mas como é bom reviver o escrever do Diário! Diário que não é escrito todo dia , mas que registra os piques do gráfico do meu sentir...
E como desejaria poder encontrar todos os cadernos, folhas avulsas, bloquinhos, desenhos, rabiscos, anotações – tudo que escrevi, pedaços de mim, perdidos!
Quem sabe não seja eu capaz de, num delicioso e doloroso esforço, arregimentar esse acervo perdido pelo mundo, talvez buscando-o em fragmentos nas profundezas abissais da minha memória?!
Com a emoção invocaria essas memórias, quiçás pálidos espectros de outros tempos... palavras soltas, partes de parágrafos... mais idéias que perfeita estrutura!
Mas valerá a tentativa! E os resultados finais de cada tentativa, nas buscas arqueólogicas desses tesouros uma vez já encontrados e perdidos, poderão ser muito mais ricos e enriquecedores...
Hoje sou maior, mais profunda e sábia - e mais adolescente, até, em profundidade de paixões, mas menos imatura. Mais madura, porém não menos sensível!
Esse abençoado paradoxo que consegui obter com o passar do tempo foi o dom , o presente, a dádiva que recebi do Senhor naquela capela.
Aos 13 anos, na Capelinha do Colégio Salesiano Santa Rosa, numa manhã , antes da aula, na 7ª série... Eu havia subido o morro de Nossa Senhora da Auxiliadora para pegar florzinhas para enfeitar o Seu Altar!
Estávamos a sós ali, na capela de vitrôs azuis, quase roxos... E rezei e pedi ao Senhor que, não importa o que viesse, eu pudesse sempre sentir Sua presença em mim!
Obrigada, Senhor! Obrigada por sempre ter realizado esse meu mais precioso desejo!